SHARMARIE de MARTE – Parte II – Historias de MALDEK, da Terra e do sistema solar
“Por trás do véu de caos existe ainda outro e outro desse tipo. Seja sincero, não lisonjeie e nem amaldiçoe falsamente o divino, e posso, então, garantir-lhes que uma vez na vida lhes será oferecida uma oportunidade de saber tudo o que existe para saber e, assim, trazer a vocês a paz espiritual.
Se vocês estiverem desconfortáveis dentro da vestimenta de peregrinação (como a maior parte de sua raça), tenham paciência e esperem, pois foi profetizado: os grandes mistérios serão revelados a todos no dia em que o sumo sacerdote de Ra aparecerá ao meio-dia e gritará:” “Venham todos, aprendam e conheçam, pois ÍSIS está sem véu.” – Eu Sou Benagabra de Delment.
Tradução, edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO GALÁCTICA, páginas 9 a 35.
OS SENHORES DE PLANEJAMENTO das Casas de Comércio
Continua a narrativa de Sharmarie, o marciano:
Essa sala de conselho estava preenchida, na sua maioria, por homens e mulheres chamado por Rayatis Cre’ator de seus Senhores de Planejamento. Esse corpo de idealizadores, ou conselheiros, cresceu com o passar dos anos até lotar um auditório e então atingiu números que atualmente ultrapassam minha capacidade de compreensão. Originalmente, os Senhores do Planejamento eram mais ou menos trinta. As reuniões se prolongavam por dias, sendo interrompidas somente quando Cre’ator fazia uma pausa.
Muitas vezes, visitantes importantes compareciam a essas reuniões diárias; entre eles estavam Carlus Domphey, Trare Vonner (cunhado de Cre’ator) e Adolfro Blaclotter, bem como outro dignitários. Vonner e Domphey estavam no mesmo negócio interestelar lucrativo de Cre’ator e a princípio, foram considerados concorrentes cordiais Essas relações tornaram-se muito hostis em certo período, até que a formação da FEDERAÇÃO de Mundos restaurou a paz (sob ameaça do uso da força e outros métodos de persuasão) uma paz duradoura entre eles, que perdura até hoje.
A Senhora Cre’ator nunca comparecia às reuniões do conselho, mas sua filha sim, às vezes acompanhada de seu meio-irmão Dray-Fost, cujos cabelos negríssimos e olhos negros (características físicas de sua mãe de outro planeta) faziam com que se destacasse em meio aos nodianos de cabelos brancos. Eu, por mim, desejava viver o bastante para ver aquelas duas crianças crescerem e juntas assumirem o controle da administração da Casa de Cre’ator, como fizeram por ocasião da morte do pai. Sua administração de primeira vida dos bens dessa hoje grande casa comercial teve um importante papel cooperativo no rápido desenvolvimento da FEDERAÇÃO GALÁCTICA.
Pouco antes da fundação da FEDERAÇÃO, as reuniões do conselho contavam com a participação de meu velho amigo 63-92 e de um nodiano magricela chamado Linc-Core, dono de uma longa barba que lhe chegava até os joelhos. Linc-Core tinha a mesma capacidade de desaparecer que eu vira demonstrada por 63-92 no meu primeiro dia em NODIA. Os dois não faziam comentários verbais, mas falavam telepaticamente com Cre’ator de uma forma que provocava a formação de grande número de expressões emocionais em seu rosto. Era óbvio que o estavam forçando a tomar decisões muito difíceis.
Certa manhã, um homem apresentado à reunião como o meio-irmão de Crea’tor, Opatel, chegou com outro homem identificado por Opatel como Sant, do planeta MALDEK. O maldequiano Sant era fisicamente belo, com cabelos dourados e olhos cor de violeta. Não disse nada durante a reunião, mas de vez em quando ficava vesgo e mexia a ponta da língua rapidamente contra o centro do lábio superior. Não se tratava de um tique nervoso, e sim de uma indicação de que estava se concentrando profundamente no assunto em discussão. Sua presença parecia incomodar a todos, exceto Opatel. No encerramento da reunião, Sant aproximou-se de mim sorrindo, e falou-me perfeitamente em meu idioma pátrio. Disse-me que éramos vizinhos planetários, pois seu mundo natal de MALDEK orbitava o mesmo sol que o meu mundo natal. Nada mais disse e foi-se embora, deixando-me sem fala.
Passaram-se quase vinte anos, no decorrer dos quais a FEDERAÇÃO foi estabelecida e a forma de economia foi modificada diversas vezes até que Adolfro Blaclotter idealizou o sistema utilizado hoje. As casas de comércio de Cre’ator, Vonner e Domphey se expandiam, entrando em um sistema solar por vez até que cada uma finalmente dispunha de um posto avançado em todos os sistemas solares da Via Láctea (como a nossa Galáxia é denominada na Terra), como também em várias galáxias vizinhas. O assunto de abertura de uma das reuniões diárias do conselho dizia respeito ao relatório segundo o qual o planeta MALDEK havia explodido em pedaços. O relatório continuava dizendo que tudo parecia bem com os outros planetas do sistema. Recordo que apenas um dos Senhores do Planejamento perguntou: “O que causou essa catástrofe?” Como não recebesse resposta, ele e os outros puseram de lado o assunto e continuaram com a ordem do dia.
Nos vários anos que se seguiram, viajei com Reyatis Cre’ator e outros funcionários da casa de comércio para inúmeros sistemas estelares diferentes, alguns localizados em outras galáxias. Achei as variadas culturas por nós visitadas mentalmente estimulantes e educativas, mas Cre’ator estava cansado até as profundezas da alma. Estava entediado e passava a maior parte do tempo na presença de Linc-Core, que ele podia de alguma forma convocar quando bem quisesse. Vários dias depois do retorno a Nodia, Opatel chegou e narrou em primeira mão a explosão de MALDEK, observada por ele da Terra. Ele acrescentou que os radiares e planetas do sistema estavam lentamente entrando em novas órbitas e poderiam mesmo no final seguir em espiral até seu fim, colidindo com o sol.
Cre’ator perguntou o que a FEDERAÇÃO estava fazendo em relação a essa possibilidade, se é que estava fazendo algo. Opatel disse que apenas a Terra parecia estar mantendo sua órbita natural, então os que quisessem ir embora dos outros mundos do sistema estavam sendo levados à Terra por segurança. Opatel disse-me pessoalmente que meu planeta natal, Marte, estava em perigo e que a FEDERAÇÃO estava considerando colocar em órbita a seu redor duas luas artificiais para estabilizar sua órbita solar {n.t. O que foi feito com os dois maiores pedaços que restaram do planeta MALDEK, e hoje são as duas luas de MARTE, Phobos (Medo) e Deimos (Terror)}. Ele também disse que um grande número de meus patrícios marcianos estavam sendo transferidos para a Terra e para um planeta chamado Mollara em outro sistema solar (Mollara fica no aglomerado estelar das PLÊIADES).
Opatel nos contou que ele estava voltando para a Terra e que a Senhora Cre’ator desejava viajar com ele, retornando a Nodia depois de uma breve visita. Ele garantiu a Cre’ator que não havia perigo sério iminente. Depois de certa relutância, Cre’ator cedeu ao pedido pessoal direto de sua mulher para viajar à Terra com Opatel, sob a condição de que eu, Sharmarie, a acompanhasse. Aguardei com ansiedade a viagem e tinha esperança de ver fisicamente e conseguir falar com alguém do meu mundo natal que conhecera em minha juventude.
NA TERRA COM A SENHORA CRE’ATOR
Quando chegamos à Terra, fomos recebidos como hóspedes do governador maldequiano da Terra, Her-Rood. Ele não aparentava pesar pelo fato de seu mundo natal estar agora girando ao redor sol na forma de pedacinhos. Desde a destruição de seu planeta, ocupava seu tempo abrigando uma orgia incessante em sua magnífica propriedade, localizada na região da Terra conhecida agora como o sul da Venezuela. Passei os primeiros seis dias na Terra procurando marcianos. Consegui encontrar alguns shens e burrs, que me disseram que mais de cem mil pessoas do meu povo haviam deixado a Terra com o Zone-Rex Rancer-Carr havia cerca de três semanas e ido para um planeta chamado Mollara (nas PLÊIADES). Também me disseram que havia milhares de marcianos reunidos em algum lugar da Terra, aguardando meios de transporte que lhes permitissem fazer a mesma viagem. Não sabiam me dizer em que local da Terra estava esse grupo.
A Terra estava repleta de mercados de escravos e a violência corria solta. Para me afastar da loucura, decidi voltar para a festa, encontrar alguém que estivesse meio sóbrio e ainda de pé e fazer-lhe perguntas. Nunca quis tanto sair de um lugar como quis sair do planeta Terra. Sentia intensamente que alguma coisa ia dar muito errado. Então, chegou o dia em que o céu ficou repleto de nuvens muito escuras acompanhadas de trovões e raios. Em questão de dias a freqüência dos trovões e raios aumentou, até que não havia mais silêncio. Era ensurdecedor. A chuva caía torrencialmente, batendo nos telhados das construções com tanta força que algumas das estruturas rachavam e resvalavam de suas fundações, sendo carregadas com grandes ondas de lama.
Procurei e encontrei a Senhora Cre’ator quando começou a tempestade, mas não consegui localizar Opatel. Quando alcançamos o local onde nossa espaçonave fora deixada, esta sumira. Juntamente com vários outros convidados da festa, adquirimos um carro aéreo pilotado por um homem que mantinha o carro no ar e voando concentrando mentalmente sua força vital através de um cérebro de cão, separado do corpo, mas ainda vivo. Sua energia durou menos do que um dia. Cerca de dez minutos depois de ele aterrissar a nave no topo de uma montanha, caiu no sono e depois morreu. Como o carro estivesse sendo sacudido com violência pelo vento, girando rapidamente na lama, resolvi que a Senhora Cre’ator e eu devíamos sair do carro e procurar outro tipo de abrigo. Pouco depois, vimos o carro deslizar sobre um despenhadeiro e desaparecer de nossa vista. Naquela hora, desejei que tivéssemos ficado no carro e encontrado nossa morte quando ele se precipitou despenhadeiro abaixo.
Havíamos andado uma curta distância, quando vimos no céu a espaçonave que nos trouxera a Nodia. Estava obviamente tentando nos alcançar, e seus esforços nos deram esperança. Mas, a cada raio, a nave balançava e girava. Várias vezes parecia ter sido realmente atingida por raios. Então, de repente, desapareceu, para nunca mais ser vista. A Senhora Cre’ator caminhou para a beira do penhasco. Claro que eu sabia o que ela planejava, com um salto fatal, pôr fim à própria vida.
Então, o barulho dos trovões e da chuva cessou e uma voz chamou meu nome. Virei-me e vi 63-92 de pé um pouco acima de mim, envolto numa aura de luz branca. Ele disse com suavidade: “Não permita que ela tire a própria vida.” Repliquei: “O que devo fazer?” Ele respondeu minha pergunta dizendo: “Não posso lhe dizer o que fazer, mas pelo bem da alma da Senhora Cre’ator, não a deixe tirar a própria vida.”
Procurei minha arma e tirei-a do estojo no meu cinto. Quando ergui a arma, pensei, estou prestes a matá-la, ela, que jurei proteger do mal. Quando atirei, o corpo dela se curvou e se elevou do solo. Os braços se mexeram várias vezes como as asas de um pássaro, então o corpo desapareceu sobre a beirada do penhasco. O som do trovão e da chuva recomeçou quando ergui a arma em direção à minha têmpora. Disparei a arma várias vezes, mas nada aconteceu, então, atirei-a o mais longe que pude e andei até a beira do penhasco, não para pular, e sim para procurar o corpo da Senhora Cre’ ator. Não conseguia enxergar a base do penhasco, mesmo com a luz dos raios. Enquanto andava, dei por mim entoando uma oração marciana pelos mortos que aprendera há muitos anos.
Depois de vagar vários dias, fiquei muito fraco e caí de bruços na lama. A lama logo começou a me cobrir e fiquei preso. Adormeci e sonhei com coisas agradáveis que tinham ocorrido ao longo de minha vida. Meu corpo desvinculou-se do campo vital universal e morreu, deixando minha alma à disposição da vontade dos Elohim. A vida que acabei de descrever durou um pouco mais de 72 anos terrestres. Foi somente em minha encarnação atual que descobri as agruras da minha primeira vida e das vidas posteriores (recorporificações) de muitas das pessoas com as quais interagi naquela primeira vida.
Quero que entendam que minha associação de 53 anos com a casa de comércio de Cre’ ator e minhas inúmeras viagens galácticas, patrocinadas por essa organização, levaram-me a entrar em contato com culturas e pessoas que muito impressionaram meu espírito com os costumes dos seres humanos brilhantes e sagrados, bem como os costumes de seres humanos sombrios e sinistros. Encontrei o amor com mulheres de muitos mundos, mas só vim a ser pai nesta vida que estou experiênciando atualmente. Toda vida é importante no Plano Mestre do Criador do Tudo Que É. Se isso não fosse verdade, não haveria vida alguma.
VIDAS SOBRE O PLANETA TERRA
Nós, do “estado mental irrestrito aberto,” (não sujeitos à Barreira de Freqüência do planeta Terra) somos capazes de recordar todas as vidas que já experienciamos. Para nós cada vida constitui, na verdade, uma parte de uma única vida contínua, sem as interrupções das descorporificações. Embora isso seja verdade para uma pessoa que vive no estado mental aberto, não é o caso para os que vivem no “estado mental fechado” (nível molar) existente na Terra hoje e que prevalece no planeta por centenas de milhares de séculos.
Eu fiz uma comparação dos dois tipos de estados mentais para que vocês entendam que toda e cada vida por mim experienciada na Terra desde que o planeta foi submetido à nociva Barreira de Freqüência foi vivida, em grande parte, sob as mesmas condições mentalmente restritivas (com pouquíssimas exceções) às quais está sujeita hoje uma pessoa da Terra. Portanto, cada vida que vivi na Terra (e foram centenas) se iniciou e se encerrou comigo ignorando o fato de que já vivera e certamente viveria repetidas vezes na forma física humana. Das centenas de vidas por mim vividas na Terra no passado, várias (cerca de cinco) se destacam. Descreverei essas vidas resumidamente na ordem em que ocorreram. Algumas delas separaram-se por milhares de anos e variaram em duração de 14 a 534 anos.
O PRÍNCIPE
Foi há tanto tempo, no passado, que especificar uma data exata colocaria em dúvida a sua e a minha credibilidade nas mentes dos que são considerados (ou acham que são) autoridades na pré-história da Terra (n.t. Ou daqueles que somente acreditam naquilo que o “sistema determina que é verdade, PRINCIPALMENTE o dogmático sistema religioso”) Então, não darei a vocês nada que precisem defender ou perder seu tempo discutindo com gente cujas mentes estão fechadas e determinadas a acreditar no contrário. Garanto-lhes que, por vários motivos, é impossível identificar registros físicos de qualquer tipo relativos a esta antiga civilização, a menos que se considerem como provas os parafusos para metais e objetos feitos à máquina encontrados em depósitos de carvão antracito.
O nome de meu pai era Agrathrone. Minha mãe, Merthran, foi uma de suas centenas de mulheres. Fui o 182 de 670 filhos. Tinha praticamente o dobro de meias-irmãs e duas irmãs. Fui chamado Urais. Meu pai era mais do que imperador; era venerado como um deus por seus súditos. Como eu era seu filho, era também considerado uma divindade, assim como todas as suas mulheres e os outros filhos. Naquela época, o reino de meu pai cobria quase um terço da superfície da Terra, mas ele tinha planos de governar cada centímetro quadrado. A capital do império localizava-se na região norte do país atualmente denominado Tailândia.
Meu pai tinha aliados secretos (deuses) que, de vez em quando, faziam visitas descendo em seus ovos prateados que vinham dos céus. Desde quando era bem criança, eu temia sua chegada, assim como todos na casa real. Eles traziam injeções imunizantes e comprimidos que éramos obrigados a tomar. Vários dias depois de tomar as injeções, o pessoal da casa ficava preso de medo, pois às vezes um ou mais de nós morria em conseqüência de uma reação violenta. Caso morresse uma criança, sua mãe em geral também morria. Se uma criança morresse e a mãe não, ela era executada imediatamente.
Para meu pai e os deuses celestiais, essas mortes significavam simplesmente que os que morriam tinham uma constituição biológica inferior, incompatível com seus planos de produzir uma raça, biologicamente superior, totalmente resistente a qualquer tipo de infecção ou doença {n.t. a ideologia e fanatismo da “raça superior e/ou eleita por deus” persiste AINDA HOJE em nossa civilização}.
Eu estava no final da adolescência, quando descobri que havia um plano de, mais cedo ou mais tarde, infectar e matar todos os outros seres humanos do planeta com armas biológicas que não prejudicariam as pessoas do império que houvessem sido, biologicamente selecionadas como superiores (só para começar) e tivessem recebido as imunizações ao longo de vários anos. Quando as pessoas sobreviviam a uma injeção, é claro que se sentiam aliviadas, mas a cada vez que sobreviviam a uma injeção, também começavam a sentir que eram de fato cada vez mais superiores aos outros seres humanos não-imunizados. Eu não era nenhuma exceção a essa regra.
Os deuses celestiais estavam sempre vestidos com roupas protetoras e espreitavam para o mundo interior de dentro de elmos transparentes que lhes envolviam totalmente as cabeças. Suas visitas semi-anuais nunca duravam mais de umas poucas horas. Certo dia, eles chegaram em mais de 30 ovos prateados no mínimo 50 vezes maiores do que os que eu já vira até então. Transportavam uma carga de veículos e máquinas que, ao ser desembarcada, cobriu centenas de acres. Naquele dia, o império de Agrathrone, instantaneamente, passou de uma sociedade movida a carros-de-boi para um nível técnico que assombraria os físicos mais imaginativos da Terra de hoje.
Meus irmãos e irmãs estavam reunidos com outros membros de casas nobres, então um deus celestial caminhou em meio a nossas fileiras fazendo seleções por razões que, naquela hora, não nos eram claras. O deus celestial, que ficou diante de mim e me selecionou tocando meu peito, era um belo homem que batia a ponta da língua contra o meio do lábio superior (era um maldequiano). Falou-me mentalmente, dizendo: “Você vai se dar muito bem, marciano. Sim, vai se dar muito bem.” Não sabia o significado do nome pelo qual ele me chamou (a denominação “marciano” é usada apenas para corresponder às referências do leitor). Foi embora rindo, deixando-me com uma dor de cabeça latejante.
Aqueles dentre nós que haviam sido selecionados (tanto homens como mulheres) foram indicados para veículos que, segundo nos disseram, podiam voar pelo ar. Tinham formato cilíndrico, com cerca de 11 metros de comprimento e diâmetro de aproximadamente 3,6 metros e exterior verde-oliva. Deram-nos manuais de operação escritos em nosso idioma nativo.
A instrução no capítulo final do manual era: “Quando tiver certeza de que consegue operar o veículo, faça-o.” Não fui o primeiro de meu grupo a tentar voar. Foi engraçado observar um de meus irmãos ou irmãs se elevar do solo alguns metros e trombar com os veículos de um ou mais dos outros novatos. Ao aterrissarem eles discutiam e se acusavam de serem os causadores da colisão.
Quando tentei voar pela primeira vez, foi fácil; era como se sempre houvesse sabido. Meus sonhos, daquele momento em diante, ficaram repletos de vôos na garupa de motonetas voadoras ou em aeronaves cheias de gente de cabelos brancos. Eu gostava da emoção de voar e me aventurava a centenas de quilômetros da capital às mais altas e baixas altitudes permitidas pelo regulador automático de altitude. Muitas vezes, desejei ser capaz de me elevar a altitudes cada vez maiores até alcançar a terra dos deuses celestiais.
As vezes, levava comigo um menino (no início da adolescência) nos meus vôos práticos. Na época, pensei que ele fosse meu filho natural. (Só na minha vida atual vim descobrir que o menino era, na verdade, filho da primeira de minhas três mulheres e um de meus irmãos mais novos. Não faz diferença, amava-o naquela época como o amo agora.)
Meus vôos nunca nos levavam para muito longe de minha base natal. O motivo era que os vilarejos e cidades estavam cheios de gente não-imunizada de casta inferior que não podiam fornecer nem a mim nem a meus passageiros a comida e as acomodações condizentes com nossa tão nobre posição. Era interessante ver as expressões espantadas em seus rostos camponeses quando voávamos lentamente e passávamos a apenas alguns metros sobre suas cabeças. Alguns chegavam mesmo a morrer de choque. Foi na primavera de meu segundo ano como piloto que um irmão mais velho, de nome Jasaul, e eu fomos convocados por meu pai. Ele e seus conselheiros estavam seriamente preocupados com um boato que chegara à corte.
Ouviram dizer que Mokaben, governador de uma província distante, ocasionalmente fora visto tremendo. Ordenaram-nos que voássemos até a província para descobrir se isso era verdade. Se fosse, devíamos executar Mokaben e substituí-lo por Jasaul como governador daquela terra. Jasaul era um homem atarracado com um rosto redondo, que ele gostava de esconder por trás de uma barba grosseira e áspera. Não sabia pilotar carros aéreos. Era por essa razão, é óbvio, que precisavam de meus serviços. Jasaul era muito inteligente, fascinava a todos com seus conhecimentos. Saímos da capital de nosso pai com uma frota de oito carros aéreos. Alguns desses carros levavam alimentos especiais e outros estavam abarrotados de serviçais.
A viagem durou cerca de dois dias e meio (perdemo-nos várias vezes), e chegamos na terra de Toray à noite. O ponto de referência que identificava nosso local de aterrissagem (o Egito) era uma grande pirâmide cujos lados de calcário branco (na verdade o revestimento era de ÔNIX branco) muito bem polido refletiam, brilhando, a luz de uma lua quase cheia. Havia lâmpadas elétricas acesas abaixo de nós, e conseguíamos ver no solo muitos homens fazendo-nos sinais frenéticos para que nos afastássemos da estrutura resplandecente. Nem todos os pilotos de nossa esquadrilha entenderam a mensagem a tempo. Suas naves, primeiro oscilaram de maneira instável, a seguir caíram na relva alta que crescia às margens do rio vizinho. Perdemos quatro carros aéreos dessa maneira, e todos os seus ocupantes morreram.
Como vocês já devem ter percebido, a terra que naquela época chamávamos Toray incluía a região conhecida hoje como Egito. A pirâmide e o rio eram, naturalmente, o que vocês denominam respectivamente de Grande Pirâmide de Gizé e o rio Nilo, que ainda hoje existem nessa terra. Quando nos encontramos com Mokaben, ele não se esforçou para ocultar o fato de que seus tremores duravam até dez minutos, aproximadamente. Ele não tinha dúvidas sobre a razão de estarmos ali. Disse-nos que, nos 143 anos em que governara a terra de Toray, tivera de executar muita gente que contraíra a doença dos tremores.
Jasaul e eu comparamos o registro de imunização de Mokaben com os nossos próprios e observamos que eram idênticos. Em sua opinião, a doença era causada por algum efeito gerado pela Grande Pirâmide. Mokaben reivindicou seu direito, na qualidade de nobre, de tirar a própria vida, e concedemos seu pedido. Ele acrescentou que, de qualquer forma, era um homem condenado, pois enfurecera os deuses celestiais ao não impedir o roubo (cinco dias antes de nossa chegada) do cume de cristal (Astrastone, a substância material mais dura do Universo) da Grande Pirâmide.
Naquela noite, fui apresentado a outro dos prodígios dos deuses celestiais. Jasaul mostrou-me uma caixa que lhe permitia conversar com nosso pai como se ele estivesse presente na mesma sala (tratava-se, de fato, de um rádio transmissor e receptor). Meu pai instruiu Jasaul a conservar o corpo de Mokaben, pois os deuses celestiais desejavam examiná-lo (fazer uma autópsia). Jasaul solicitou e obteve permissão para mudar a sede de governo de Toray o mais longe possível da Grande Pirâmide. Vários dias depois, saí de Toray a caminho de casa acompanhado de dois dos carros aéreos restantes. Jasaul ficou com um dos carros e um piloto. Um dos carros aéreos de minha esquadrilha levava a múmia e os órgãos removidos cirurgicamente de Mokaben.
Os dois terços restantes da superfície da Terra eram governados por centenas de diferentes reis que eram aliados a doze imperadores que, por sua vez, mantinham forte aliança entre si. Depois de muitas décadas de guerras primitivas (levadas a cabo com espadas, lanças, arcos e flechas) entre esses imperadores e meu pai, a situação estava num impasse. Esse estado de coisas era algo que meu pai e seus amigos os deuses celestiais definitivamente planejavam modificar; esta era a base de seu plano diabólico. Vencer fisicamente o outro povo da Terra não fazia parte do programa dos deuses celestiais, pois não tinham necessidade alguma daqueles que consideravam racialmente (biologicamente) inferiores.
Aproximadamente dois anos depois de Jasaul se tornar governador de Toray, meu pai começou a enviar carros aéreos em missões que os levavam a sobrevoar as terras de seus adversários. Tratava-se de missões de treinamento destinadas a familiarizar os pilotos com os pontos geográficos sobre os quais um dia eles lançariam suas bombas biológicas. As populações dessas terras nada podiam fazer além de brandir os punhos na direção de nossos carros aéreos que, normalmente, jogavam dejetos humanos nelas, simulando um bombardeamento. Foi no decorrer desses exercícios de treinamento, que recebi uma mensagem de Jasaul dizendo-me para ir visitá-lo com mais seis de meus irmãos mais velhos, de quem deu os nomes. Não tivemos dificuldades para receber permissão de nosso pai para fazer uma visita de uma ou duas semanas a Jasaul.
Depois de vários dias bebendo vinho e nos banqueteando, Jasaul pediu para falar em particular comigo. A história por ele contada foi, a princípio, desconcertante. Contou-me sobre os outros deuses celestiais que o haviam visitado e o convenceram de que o plano de nosso pai de destruir os não- imunizados da Terra estava errado e atrairia sobre nós não apenas a ira deles, como também a ira do poder divino que criara o próprio mundo.Acreditei nele, assim como quatro de meus seis irmãos. Os dois, que julgaram que deveríamos permanecer leais a nosso pai, não se reuniram a nós para o desjejum na manhã seguinte.
Os deuses celestiais de Jasaul propuseram que retornássemos a nosso lar com um aparelho que, uma vez ativado em meio ao arsenal de bombas biológicas, iria secretamente neutralizá-las. Quatro dias depois, esse aparelho foi colocado, cumprindo muito bem sua tarefa. Quando chegou o dia de serem usadas, cerca de sete meses depois, as bombas foram carregadas nos carros aéreos. Mas ao serem lançadas, simplesmente preenchiam os céus com tufos iridescentes de fumaça que brilhavam à luz do sol. Meu pai e seus deuses celestiais ficaram furiosos e se apressaram a produzir mais bombas (um trabalho obviamente demorado, mesmo para os deuses.)
O estranho desaparecimento dos dois irmãos que não retornaram conosco de Toray, e o comportamento estranho, carregado de culpa exibido por vários de meus irmãos conspiradores (que àquela altura estavam sendo mentalmente torturados pelos deuses celestiais para confessar) logo revelaram quem entre nós era responsável pela sabotagem. Tínhamos previsto que seríamos descobertos, assim fugimos juntos em carros aéreos para a terra que vocês conhecem agora como Japão (naquela época ligada ao continente que vocês denominam Ásia). Mais tarde, Jasaul juntou-se a nós. Nossos três carros aéreos, por um motivo que desconhecíamos, mais tarde pararam de funcionar e, ao longo dos vários anos que se seguiram, gradualmente se desintegraram até se tomarem montes irreconhecíveis de metal em pó.
Finalmente, recebemos a notícia de que nosso pai e seu império já não existiam. O fim de seu reinado ocorreu imediatamente depois que os dois tipos de deuses celestiais antagônicos batalharam entre si em algum local dos céus a grande distância do planeta. Tornou-se impossível operar as máquinas de guerra e os carros aéreos de nosso pai, e ele foi atacado de surpresa pelas forças aliadas dos outros doze imperadores. Posteriormente, fomos visitados por um representante do imperador em cujo território estávamos vivendo. Disseram-nos que não temêssemos, que mal algum nos atingiria, pois éramos considerados grandes heróis que estavam sob a proteção dos deuses celestiais benevolentes.
Vivi nessa vida até os 534 anos de idade e morri serenamente enquanto dormia. Alguns séculos depois, a Barreira de Freqüência mudou drasticamente para pior e os povos da Terra ficaram mais uma vez sujeitos a graus consideráveis de deterioração biológica e mental.
CONTINUA …
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’’Há duas histórias, a oficial e mentirosa, e a secreta, em que estão às verdadeiras CAUSAS dos acontecimentos’’ Honoré de Balzac
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