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Channel: Agharta-Atlântida-Lemúria – Thoth3126
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Os Reinos Perdidos: (3) O Reino dos Deuses Serpentes

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Quando Tenochtitlán atingiu seu período áureo, a capital tolteca de Tuia já tinha sido lembrada como a lendária Tollán. E quando os toltecas construíram sua cidade, Teotihuacán já estava envolvida em mitos. Seu nome significara “Lugar dos Deuses”. Segundo as narrativas astecas, era exatamente isso que o local tinha sido.

Diziam elas que, no tempo em que as calamidades se abateram sobre a Terra e a Terra ficou na escuridão porque o Sol não apareceu, apenas em Teotihuacán havia luz, pois uma chama divina permanecia queimando lá. Os deuses, preocupados com o fenômeno, reuniram-se em Teotihuacán, para decidir o que fazer. “Quem governará e dirigirá o mundo?”, perguntavam uns aos outros. Para responder, em seguida, “…a menos que possamos fazer o Sol aparecer”.

Edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

Livro, OS REINOS PERDIDOS (The Lost Realms), da série de livros Crônicas da Terra, número IV,  de Zecharia Sitchin

Capítulos anteriores: Capítulo 1, Capítulo 2 


Capítulo III –  O REINO DOS  DEUSES SERPENTES 

Pediram, então, um voluntário entre os deuses para se jogar sobre a chama divina e com esse sacrifício trazer de volta o sol. O deus Tecuciztecatl se ofereceu como voluntário. Envergando seu traje brilhante ele avançou para a chama, mas a cada vez que se aproximava do fogo, recuava, perdendo a coragem. O deus Nanauatzin se ofereceu para tomar seu lugar e sem hesitar saltou sobre a chama. Envergonhado, Tecuciztecatl seguiu atrás, mas caiu apenas na fímbria da chama. Enquanto os deuses eram consumidos pelo fogo, o Sol e a Lua reapareceram no céu.

Porém, embora pudessem ser vistas, as duas fontes de luz permaneciam imóveis no céu. Segundo uma das versões, o Sol começou a mover-se depois de uma boa flechada. Outra, no entanto, diz que o astro retomou o movimento quando o Deus do Vento soprou sobre ele. Depois que o Sol terminou seu movi­mento, a Lua também começou a mover-se. Assim, o ciclo do dia e da noite recomeçou e a Terra foi salva.

A história está intimamente ligada com os monumentos mais renomados de Teotíhuacán, a Pirâmide do Sol e a Pirâmide da Lua. Uma versão diz que as duas pirâmides foram construídas para homenagear os dois deuses que se sacrificaram; outra versão afirma que as pirâmides já existiam quando o evento aconteceu e que os deuses saltaram para o fogo divino do alto das pirâmides.

Qualquer que seja a lenda, o fato é que a Pirâmide do Sol e a Pirâmide da Lua ainda estão lá. O que há poucas décadas eram montes cobertos de vegetação, agora erguem-se majesto­samente a apenas 50 quilômetros ao norte da Cidade do México, transformando-se em atração turística. Estas pirâmides, elevan­do-se num vale cujas montanhas circundantes agem como pano de fundo para um cenário eterno, forçam os olhos dos visitantes a seguir além. Os monumentos sugerem poder, sabedoria, engenhosidade; revelam uma linha entre a Terra e o Céu. Ninguém fica indiferente, é impossível deixar de perceber o sen­tido de história, a presença de um passado glorioso. 

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Piramide do Sol, em Teotihuacan

Quanto tempo atrás? Os arqueólogos inicialmente presumiram que Teotíhuacán fora fundada nos primeiros séculos da Era Cris­tã. Porém, a data vem se alterando com o tempo. Alguns estudos feitos no local indicaram que o centro cerimonial da cidade já Ocupava 11,6 quilômetros quadrados por volta de 200 a.C. Na década de 50, um famoso arqueólogo, M. Covarrubias, admitiu com incredulidade que a datação por carbono dava ao local a “quase impossível época de 900 a.C” (Indian Art of México and Central America -“A Arte Indígena do México e da América Cen­tral”). Na verdade, datações mais recentes fornecem uma data de 1474 a.C. (com pequena margem de erro). Atualmente, acei­ta-se a datação de cerca de 1400 a.C. Foi quando os olmecas, que podem ser sido o povo que trabalhou na construção das estruturas monumentais de Teotihuacán, estavam fundando grandes “centros cerimoniais” em outros lugares do México.

Teotihuacán passou nitidamente por várias fases de constru­ção. Suas pirâmides revelam evidências de estruturas internas mais antigas. Alguns estudiosos lêem nas ruínas uma história que pode ter começado 6000 anos atrás — no quarto milênio a.C. Isso se encaixa com as lendas astecas que falavam sobre esse “Lugar dos Deuses” como existindo no Quarto Sol. Então, quando o dia da “escuridão” aconteceu, por volta de 1400 a.C., as duas pirâmides foram erguidas até suas dimensões monumentais.

A Pirâmide da Lua eleva-se ao norte desse centro cerimonial, flanqueada por estruturas auxiliares, com uma grande praça na frente. De lá, uma avenida larga corre na direção sul até onde a vista alcança. E’ ladeada por santuários, templos e outras es­truturas baixas, que se acredita serem túmulos. Por isso, esta avenida recebeu o nome de Avenida dos Mortos. Cerca de 600 metros para o sul, a Avenida dos Mortos chega à Pirâmide do Sol, que se eleva no lado oriental, ao lado de uma série de santuários e outras estruturas.

Além da Pirâmide do Sol, mais 900 metros para o sul, chega-se à Ciudadela, um quadrilátero que contém, no lado oriental, a ter­ceira pirâmide de Teotihuacán, chamada a Pirâmide de Quetzalcoatl. Sabe-se hoje que em frente à Ciudadela, do outro lado da Avenida dos Mortos, existia mais um quadrilátero. Ele servia como centro administrativo e comercial. A avenida continua em direção sul. O mapeamento de Teotihuacán encontrou, ao sul da Pirâmide do Sol, uma marca cinzelada nas rochas na forma de uma cruz no interior de dois círculos concêntricos; outra marca similar foi encontrada a três quilômetros para o oeste, na encosta de uma montanha. Uma linha unindo as duas marcas indica precisamente a direção do eixo leste-oeste; os outros braços da cruz recaem na orientação norte-sul. Os pesquisadores concluí­ram que eram as marcas utilizadas pêlos construtores da cidade, mas não ofereceram explicações sobre os instrumentos utilizados na Antiguidade para traçar uma linha entre dois locais tão dis­tantes. 

Outros fatos evidenciam que o centro cerimonial foi orientado projetado intencionalmente. O primeiro deles é que o rio Sanffijan, que corre pelo vale de Teotihuacán, teve seu curso desviado deliberadamente no local onde cruza o centro cerimonial. Os canais artificiais que desviaram suas águas para a Ciudadela, ao longo do quadrilátero, seguem paralelos ao eixo leste-oeste e, depois de duas curvas em ângulos retos, voltam-se para a avenida que corre para oeste.

O segundo, é que os dois eixos não coincidem diretamente com os pontos cardeais. Eles apresentam um desvio para su­doeste de 15,5 graus. Estudos demonstraram que isso não foi acidente, ou erro de cálculo dos antigos construtores. A. F. Aveni (Astronomy in Ancient Mesoamerica – “Astronomia na América Central Antiga”), chamou de “orientação sagrada” esse desvio. Tanto que centros cerimoniais mais recentes, como o de Tuia, e outros, também mostram essa orientação, ainda que ela não fizesse sentido em seus locais de construção. Sua conclusão é de que ela foi seguida na construção de Teotihuacan para per­mitir observações no céu em determinadas datas importantes do calendário.

Zelia Nutal, num documento apresentado ao vigésimo-segundo Congresso Internacional de Americanistas (Roma, 1926), sugeriu que essa orientação fora determinada pela pas­sagem do Sol pelo zênite do observador, fenômeno que ocorre duas vezes por ano, quando o sol parece deslocar-se de norte para sul, depois retorna. Se o propósito das pirâmides fosse a observação astronômica, seu formato — pirâmides com de­graus, equipadas com escadarias, levando a presumíveis templos-observatórios na plataforma do cimo — faria sentido. En­tretanto, como fortes evidências sugerem que o que conhece­mos atualmente são as camadas exteriores, mais recentes, das duas maiores pirâmides (como foram descobertas pêlos arqueólogos) não se pode afirmar, com certeza, que o propósito original dessas pirâmides fosse esse. A possibilidade, e até mesmo a probabilidade, de que as escadarias fossem uma adi­ção posterior pode ser confirmada pelo fato de que o primeiro estágio da grande escadaria da Pirâmide do Sol é inclinado e não alinhado com a orientação da pirâmide.

Teotihuacan-map

Das três pirâmides de Teotihuacán, a menor é a de Quetzal-coatl, na Ciudadela. Uma adição posterior foi parcialmente es­cavada para revelar a construção original em degraus. A fachada parcialmente exposta mostra decorações esculpidas, nas quais o símbolo da serpente de Quetzalcoatl se alterna com o rosto es­tilizado de Tlaloc contra um fundo de águas onduladas. Essa pirâmide remonta ao tempo dos toltecas, e é parecida com muitas pirâmides mexicanas. 

As duas pirâmides maiores, ao contrário, apresentam ausência total de adornos. São de tamanho e formas diferentes, destacan­do-se pela solidez e antiguidade. Em todos os aspectos lembram as grandes pirâmides de Gize, que também diferem de todas as pirâmides egípcias subsequentes; as últimas foram construídas pêlos faraós, enquanto as de Gize foram construídas pelos “deu­ses”. Talvez seja o caso de Teotihuacán, pois as evidências ar­queológicas apóiam as lendas sobre como a Pirâmide do Sol e a Pirâmide da Lua surgiram.

Embora as duas grandes pirâmides de Teotihuacán, para per­mitir seu uso como observatório, tenham sido construídas com degraus, encimadas por plataformas e equipadas com escadarias (como os zigurates mesopotâmicos), não há dúvida que seus arquitetos estavam familiarizados com as pirâmides de Gize no Egito. Exceto pelo ajuste da forma exterior, estas construções imitam as pirâmides peculiares de Gize. Há uma semelhança im­pressionante. A Segunda Pirâmide em Gizé, é menor do que a Grande Pirâmide. Mas seus picos se elevam à mesma altura em relação ao nível do mar, porque a Segunda Pirâmide foi construída em terreno mais elevado. O mesmo se dá em Teotihuacán, onde a Pirâmide da Lua, menor, foi construída em terreno cerca de dez metros mais elevado que a Pirâmide do Sol, fazendo com que os picos de ambas estejam na mesma altura em relação ao nível do mar.

As semelhanças são mais fortes, ainda, entre as duas pirâmides maiores. Ambas foram construídas sobre plataformas artificiais. Os lados possuem quase a mesma medida: cerca de 230 metros, em Gize, e 227 metros, em Teotihuacán. A última caberia exatamente na primeira . 

Embora essas correspondências sugiram uma ligação oculta entre os dois conjuntos de pirâmides, não podemos ignorar, as diferenças consideráveis entre elas. Na Grande Pirâmide de Gizé foram usados grandes blocos de pedra, cuidadosamente traba­lhados e unidos sem argamassa, pesando um total de 7 milhões de toneladas e apresentando um volume de 2 milhões e 604.000 metros cúbicos. A Pirâmide do Sol foi construída com tijolos de argila, adobe, pedregulhos e cascalho, unidos por uma camada de pedras brutas e estuque, apresentando um volume de apenas 280.000 metros cúbicos. A Pirâmide de Gize contém um complexo interno de corredores, galerias e câmeras preciso e delicado. A pirâmide de Teotihuacán não parece apresentar estruturas inter­nas. A pirâmide egípcia eleva-se a uma altura de 146 metros, enquanto a Pirâmide do Sol atinge apenas 76 metros. A Grande Pirâmide possui quatro lados triangulares que se elevam num ângulo difícil de 52 graus. As duas em Teotihuacán, foram cons­truídas em estágios, apoiados um sobre o outro, com lados que se inclinam para dentro, começando com uma inclinação de 43,5 graus.

As significativas diferenças refletem os diferentes períodos e propósitos de cada conjunto de pirâmides. Mas na última delas, fato não percebido pêlos pesquisadores anteriores, está a chave para a resolução de alguns enigmas.

O ângulo inclinado de 52 graus existe no Egito apenas nas pirâmides de Gize, que não foram construídas por Quéops, ou outro faraó (como ficou provado nos livros anteriores das Cró­nicas Terrestres), mas pêlos deuses do antigo Oriente Médio como faróis de aterrissagem no espaçoporto da península do Sinai. Todas as outras pirâmides egípcias — menores, menos impo­nentes, em ruínas, ou destruídas — foram construídas por faraós, milênios depois, numa imitação da “escadaria para o céu” dos deuses. Porém, nenhuma atingiu o ângulo perfeito de 52 graus e sempre que isso foi tentado, a construção terminou ruindo.

A lição foi aprendida quando o faraó Sneferu (cerca de 2650 a.C.) iniciou sua tentativa de glória monumental. Numa análise brilhante desses acontecimentos antigos, K. Mendelssohn (The Riddle of the Pyramids – “O Enigma das Pirâmides”) diz que os arquitetos de Sneferu estavam construindo a segunda pirâmide em Dahshur quando a primeira, construída em Maidum, em ân­gulo de 52 graus, desabou. Eles, então, apressadamente, altera­ram o ângulo de inclinação da pirâmide de Dahshur para um patamar mais seguro de 43,5 graus, no meio da construção. Isso resultou num formato estranho, originando o nome Pirâmide Torta. Ainda determinado a deixar para a posteridade uma verdadeira pirâmide, Sneferu mandou construir uma ter­ceira pirâmide nas cercanias. Ela é agora chamada de Pirâmide Vermelha, pela cor de suas pedras, e eleva-se em ângulo de 43,5 graus.

Mas, nesse recuo para a segurança, os arquitetos de Sneferu voltaram a utilizar uma escolha feita mais de um século antes, cerca de 2700 a.C., pelo faraó Zoser. Sua pirâmide, a mais antiga construída pelos faraós (que pode ser vista ainda hoje em Sakara), era construída em seis degraus com ângulo de 43,5 graus. 

Seria apenas coincidência que a Pirâmide do Sol e a Grande Pirâmide de Gizé tenham as mesmas medidas na base? Talvez. Seria puro acaso que o ângulo preciso de 43,5 graus, adotado pelo faraó Zoser, e aperfeiçoado em sua pirâmide de degraus, fosse o mesmo em Teotihuacán? Duvidamos. Enquanto um ân­gulo mais inclinado, vamos dizer 45 graus, poderia ter sido obtido por um arquiteto não sofisticado, dividindo em duas partes o ângulo reto, o ângulo de 43,5 graus resultou, no Egito, de um sofisticado cálculo, baseado no fator Pi (3,1415…da Geometria Sagrada), que é a relação do perímetro de um círculo com seu diâmetro.

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Sobreposição: Seria apenas coincidência que a Pirâmide do Sol e a Grande Pirâmide de Gizé tenham as mesmas medidas na base?

O ângulo de 52 graus das pirâmides de Gize exigiam fami­liaridade com esse fator; era obtido conferindo à pirâmide uma altura (H) igual à metade do lado (S) dividido por Pi e multi­plicado por quatro (230 dividido por 2 = 115, dividido por 3,14 = 36,5 x 4 = 146 metros de altura). O ângulo de 43,5 graus foi obtido reduzindo-se a altura de um múltiplo de 4 para um múltiplo de 3. Em ambos os casos, seria necessário o conhecimento de Pi. Nada indica que os povos da América Central tinham esse co­nhecimento. Como, então, surgiu o ângulo de 43,5 graus nas estruturas das duas singulares pirâmides de Teotihuacán (na América Central), a não ser através de alguém familiarizado com as pirâmides do Egito?

As pirâmides do Egito, com exceção da singular Grande Pirâmide de Gize, estavam equipadas com uma passagem inferior, que geralmente se inicia na borda, ou perto da base, e continua sob elas. Alguém atribuiria a uma simples coincidência o fato de que existe tal passagem sob a Pirâmide do Sol?

A descoberta acidental foi feita em 1971, depois de chuvas torrenciais. Bem em frente à escadaria central da pirâmide, uma passagem subterrânea aflorou. Continha degraus antigos que conduziam cerca de seis metros para baixo, para a entrada de uma passagem horizontal. Os escavadores concluíram que era uma caverna natural, artificialmente alargada e melhorada, cor­rendo por sobre o leito de pedra onde a pirâmide fora construída. Esses melhoramentos intencionais são evidenciados pelo fato de que o teto é feito de blocos de pedra sólida e que as paredes dos túneis foram uniformizadas com gesso. Em vários pontos, ao longo dessa passagem subterrânea, paredes de adobe dirigem o trajeto em ângulos agudos.

A cerca de 50 metros dessa antiga escadaria, o túnel se trans­forma em duas câmaras alongadas, como asas estendidas; é um local situado exatamente sob o primeiro degrau da pirâmide. De lá, a passagem, com aproximadamente dois metros de altura, continua por mais de 60 metros. Nessa parte interna a cons­trução fica mais complexa, com o uso de materiais diversos; o assoalho, disposto em segmentos, era feito pelo homem; canos para drenagem eram dispostos para um propósito desconhecido (talvez ligando-se com algum curso subterrâneo, agora extinto). Finalmente, o túnel termina sob o quarto estágio da pirâmide numa área oca que parece uma folha de trevo, apoiada por co­lunas de adobe e blocos de basalto.

Qual seria o propósito dessa estrutura subterrânea? Desde que as paredes de segmentação foram danificadas antes da descoberta em nossos tempos modernos, não é possível dizer se os restos de vasos de cerâmica, lâminas de obsidiana e cinzas de carvão pertencem à fase mais antiga do uso do túnel. Mas o questionamento sobre as finalidades de Teotihuacán, além da observação do céu, foi reforçado com outras descobertas.

A Avenida dos Mortos parece estender-se como uma pista homogênea, desde a praça da Pirâmide da Lua até o horizonte sul. Porém, esse curso uniforme é interrompido numa secção situada entre a Pirâmide do Sol e o rio San Juan. A inclinação geral da Pirâmide da Lua para a Pirâmide do Sol é ainda mais acentuada nesse ponto da avenida. Estudos feitos no local mos­traram que essa inclinação foi conseguida com o corte deliberado da rocha original; além do mais, o desnível entre a Pirâmide da Lua até um ponto além da Ciudadela é de cerca de 30 metros. Ali, seis fragmentos foram criados pela adição de muros duplos, perpendiculares à avenida. A cavidade da avenida é mais adiante alinhada com paredes e estruturas mais baixas, resultando em seis compartimentos semi-subterrâneos, abertos para o céu. As paredes perpendiculares são dotadas de comportas ao nível do solo. Tudo indica que todo o complexo servia para canalizar a água, que fluía ao longo da avenida. O fluxo poderia ter sua origem na Pirâmide da Lua (onde um túnel subterrâneo foi en­contrado ao redor da estrutura), ligado de alguma maneira ao túnel subterrâneo da Pirâmide do Sol. A série de compartimentos retinha, e eventualmente liberava, a água de um para o outro até que o fluxo atingisse o canal desviado do rio San Juan.

Chalchiuhtlicue, a deusa das águas e esposa de Tlaloc, o deus da chuva

Poderia esse fluxo artificial de águas correntes ter sido o mo­tivo pelo qual a decoração da fachada da pirâmide de Quetzalcoatl fosse como águas onduladas, numa região situada no in­terior, a centenas de quilômetros de qualquer oceano?

A associação desse local com a água foi corroborada pela descoberta de uma grande estátua em pedra de Chalchiuhtlicue, a deusa das águas e esposa de Tlaloc, o deus da chuva. A estátua, que pode ser vista agora no Museu Nacional de An­tropologia, na Cidade do México, foi descoberta no centro da praça da Pirâmide da Lua. Em suas representações, a deusa, cujo nome significa “Dama das Águas”, geralmente é mostrada usando uma saia de jade decorada com conchas marítimas. Seus adornos eram brincos de turquesa, colar de jade, ou de outras pedras verde-azuladas, de onde pendia um medalhão de ouro. A estátua repete esses trajes e elementos decorativos e parece ter portado um medalhão de ouro, incrustado na cavidade apropriada, que teria sido removido por ladrões. Suas representações frequentemente a mostravam usando uma coroa de serpentes, ou enfeitada com elas, indicando que ela teria sido um dos deuses-serpente dos mexicanos. 

Teria sido Teotihuacán construída como um tipo de instalação para distribuir água utilizada em algum processo? Antes de res­ponder a esta pergunta, vamos mencionar outra descoberta in­trigante.

Juntamente com o terceiro segmento da Pirâmide do Sol, es­cavações de uma série de câmaras subterrâneas interligadas, re­velaram que alguns dos pisos eram cobertos com camadas gros­sas de mica, um tipo de silício mineral que possui propriedades especiais de resistência à água, calor e correntes elétricas. Tem sido utilizado como isolante em vários processos químicos, elétricos,  eletrônicos, e mais recentemente, em tecnologia nuclear e espacial.

pirâmide da lua

Vista aérea da Pirâmide da Lua

As propriedades particulares da mica dependem, até certo ponto, do seu conteúdo de outros elementos minerais e, portanto, da sua origem geográfica. Segundo peritos, a mica encontrada em Teotihuacán é de um tipo existente no distante Brasil. Traços dessa mica também foram encontrados em restos removidos da Pirâmide do Sol, quando estava sendo desenterrada no começo do século. Qual seria o uso desse material isolante em Teotihua­cán?

Nossa impressão é que tudo ali — a presença do Senhor e da Dama das Águas, juntamente com a divindade principal, Quetzalcoatl; a avenida lamacenta; a série de estruturas, câmaras sub­terrâneas, túneis; o rio desviado; as secções semi-subterrâneas com suas comportas; os compartimentos sob o chão recoberto de mica — fazia parte de um projeto cientificamente concebido para a separação, refinamento, ou purificação, de substâncias minerais.

  1. E’ possível que alguém que conhecia os segredos da construção de pirâmides, na metade do primeiro milênio a.C, ou mais pro­vavelmente na metade do segundo milênio a.C., tenha chegado ao vale e, igualmente versado nas ciências físicas, tenha utilizado os materiais disponíveis para montar uma instalação sofisticada de processamento. Estaria essa pessoa à procura de ouro, como teria sugerido o medalhão da Dama da Água, ou de algum mi­neral mais raro?
  2. E se não foi o homem teriam sido seus deuses, como as lendas a respeito de Teotihuacán e o próprio nome têm sugerido?
  3. Quem, além dos deuses, foram os ocupantes originais de Teo­tihuacán?
  4. Quem carregou as pedras e a argamassa para elevar as primeiras pirâmides?
  5. Quem canalizou a água e operou as comportas?

Os que dizem não ser Teotihuacán mais antiga do que alguns séculos antes de Cristo apresentam uma resposta simples: os toltecas. Aqueles que agora se inclinam na direção de um início mais antigo, começam a apontar os olmecas, um povo enigmático, que apareceu no cenário centro-americano na metade do segundo milênio a.C Os próprios olmecas apresentam muitos enigmas, pois parecem ter sido africanos negros, o que constitui um aná­tema para aqueles que não conseguem aceitar travessias pelo Atlântico há vários milênios.

Mesmo que a origem de Teotihuacán e de seus construtores esteja envolta em mistério, é quase certo que nos séculos que precederam a era cristã, as tribos toltecas começaram a chegar. A princípio, realizavam tarefas com as mãos; gradualmente, po­rém, aprenderam as habilidades da cidade e adotaram a cultura de seus mestres, incluindo a escrita pictórica, os segredos da ourivesaria, o conhecimento sobre astronomia e calendário, a ado­ração dos deuses. Cerca de 200 d.C., quem quer que tenha do­minado Teotihuacán apanhou o que queria e partiu. A cidade tornou-se tolteca. Durante séculos se destacou por suas ferra­mentas, armas, artefatos feitos de obsidiaria e por sua influência cultural. Então, mil anos depois de terem chegado, os toltecas também partiram. Ninguém sabe os motivos. Mas o êxodo foi total. Teotihuacán tornou-se um lugar desolado, vivendo apenas nas lembranças de um passado dourado.

piramides-gize

Alguns acreditam que o evento coincidiu com o estabeleci­mento de Tollán como a capital dos toltecas, em cerca de 700 a.C., construída às margens do rio Tuia como uma mini-Teotihuacán. Os códices e o folclore descrevem Tollán como uma ci­dade legendária, um centro de artes e artesanato, com templos e palácios resplandecentes, cheios de ouro e pedras preciosas. Porém, por muito tempo os estudiosos questionaram a própria existência da cidade. Hoje não há mais dúvidas de que Tollán existiu realmente num local chamado Tuia, a cerca de oitenta quilômetros a noroeste da Cidade do México.

A redescoberta de Tollán ocorreu no final do século 19. Tudo começou com a viagem à região da francesa Désiré Charnay (Lês andennes villes du nouveau monde – “As cidades antigas do Novo Mundo”). Um trabalho sério de escavação, no entanto, só come­çou no início dos anos 40, sob a liderança do arqueólogo mexicano Jorge R. Acosta. Os trabalhos de escavação e restauração con­centraram-se no complexo cerimonial mais importante, conhecido como Tuia Grande. Trabalhos posteriores, como o das equipes da Universidade do Mississipi, expandiram a área de escavações.

As descobertas confirmaram não apenas a existência da cidade, mas também sua história narrada em vários códices, especial­mente no que ficou conhecido como Andes de Cuauhtitlan. Sabe-se, agora, que Tollán foi governada por uma dinastia de reis-sacerdotes, considerados descendentes do deus Quetzalcoatl; por­tanto, além do próprio nome, eles também usavam o nome divino como patronímico — um costume usual entre os faraós egípcios. Alguns desses reis-sacerdotes eram guerreiros, dedicados a ex­pandir o domínio tolteca. Na segunda metade do século 10 a.C, o governante era Ce Acatl Topiltzin-Quetzalcoatl. Seu nome e sua época foram determinados por meio de um retrato, acom­panhado por uma data equivalente a 968 a.C., que ainda pode ser observado numa pedra junto à cidade.

Foi no seu reinado que irrompeu um conflito religioso entre os toltecas. Parece que as divergências diziam respeito à exigência do soberano em introduzir sacrifícios humanos para apaziguar o Deus da Guerra. No ano 987 a.C. Topiltzin-Quetzalcoatl e seus seguidores deixaram Tollán e migraram para o leste, simulando a partida anterior do divino Quetzalcoatl. Estabeleceram-se no Yucatán.

Dois séculos mais tarde, calamidades naturais e assassinatos no seio da tribo arrasaram os toltecas. As calamidades eram sinais de cólera divina, prenunciando o fim da cidade. Segundo o cro­nista Sahagún, o rei, que muitos acreditam chamar-se Huemac, mas também usava o patronímico Quetzalcoatl, convenceu os toltecas a abandonar Tollán. “E assim eles partiram sob o seu comando, embora tenham ali vivido muitos anos e construído casas grandes e belas, templos, e palácios […]

Ao final, tiveram de partir deixando os lares, as terras, a cidade e suas riquezas. Como não podiam levar os valores, enterraram muitas coisas e até hoje algumas são desenterradas, não sem admiração por sua be­leza e arte”. Assim, foi no ano 1168 a.C., ou por volta dessa data, que Tollán se tornou uma cidade desolada, abandonada para de­sintegrar-se sob os efeitos do tempo. Conta-se que quando o primeiro chefe asteca colocou os olhos nas ruínas da cidade, chorou amargamente. As forças destrutivas da natureza foram ajudadas por invasores, saqueadores e assaltantes, que despiram os templos, destruíram monumentos e danificaram tudo o que estava em seu alcance. Assim, Tollán, arrasada até o solo, e esquecida, tor­nou-se uma lenda.

O que se sabe sobre Tollán, oito séculos depois, atesta a tra­dução do nome, que significa “lugar de muitas vizinhanças”. Efe-tivamente, ela parece ter sido formada por muitas vizinhanças e áreas sagradas, que ocupavam uma superfície de 18 quilômetros quadrados. Assim como em Teotihuacán (que seus construtores tentaram imitar), o coração de Tollán era uma área sagrada, que se estendia ao longo do eixo norte-sul, flanqueada por centros cerimoniais, construídos com uma orientação perpendicular leste-oeste. Como já observamos, as orientações apresentavam o “desvio sagrado” de Teotihuacán, embora não fizesse mais sen­tido a finalidade de observação astronômica naquele período e localização geográfica.

Onde deveria ter sido o limite norte da área sagrada, foram encontradas ruínas de uma estrutura incomum. Sua frente fora construída como uma pirâmide comum, com degraus e uma escadaria, porém a parte traseira do edifício apresentava uma estrutura circular, provavelmente encimada por uma torre. Esta construção pode ter sido utilizada como observatório e, possi­velmente, serviu de modelo para o templo de Quetzalcoatl, em Tenochtitlán, mais recente, e para outras pirâmides com obser­vatórios circulares no México.

O conjunto cerimonial principal, cerca de um quilômetro e meio para o sul, foi disposto ao redor de uma enorme praça central, no meio da qual se erguia o Grande Altar. O templo principal localizava-se no alto de uma pirâmide de cinco estágios, na parte oriental da praça. Uma pirâmide menor de cinco estágios serviu como plataforma elevada para outro templo. Ela era flan­queada por construções de vários aposentos, que conservaram evidências de fogo, indicando a possibilidade de ter sido utilizada para algum propósito industrial. Construções alongadas, ou ves­tíbulos, cujos temidos apoiavam-se em fileiras de pilares, ligavam as duas pirâmides e também limitavam a parte sul da área sagrada. Um campo esportivo para a prática do jogo sagrado tlachtli completava a parte oeste da praça (ilustração elaborada com base nos dados do arqueólogo P. Salazar Ortegon). 

Tuia Grande

Entre este conjunto de Tuia Grande e o limite norte da área sagrada, evidentemente existiam outras estruturas e grupos de edifícios; uma nova quadra de jogo foi descoberta. Nos edifícios, porém, foram encontradas poucas estátuas em pedra. Entre elas, incluíam-se algumas imagens de animais, como o familiar coiote, uma espécie desconhecida de tigre, além de um deus reclinado, chamado Chacmool. Os toltecas também esculpiam es­tátuas de seus líderes, representando-os como homens de baixa estatura. Outros, trajados como guerreiros, segurando na mão esquerda o aïl-aíl, um tipo de arma (um lançador curvo de setas ou lanças), foram representados em relevos na face de colunas de secção quadrada, tanto de perfil, quanto de costas. 

Quando Jorge R. Acosta começou um trabalho arqueológico metódico e constante, na década de 40, dirigiu sua atenção para a Grande Pirâmide. Localizada em frente ao altar principal, era óbvio o seu uso para astronomia. O que gerou dúvidas, na época, foi o nome dado pelos trabalhadores nativos ao monte desolado que a abrigava: El Tesoro (“O Tesouro”). Porém, quando vários objetos de ouro foram descobertos, após o início das escavações, os trabalhadores nativos, insistindo que a pirâmide se elevava sobre um “campo de ouro”, recusaram-se a continuar. “Realidade ou superstição, o resultado é que os trabalhos cessaram e nunca mais foram retomados”, escreveu Acosta.

As atenções, então, se voltaram para a pirâmide menor, cha­mada, no início, de Pirâmide da Lua, depois de Pirâmide “B” e, ultimamente, de Pirâmide de Quetzalcoatl. Essa designação se originou do longo nome nativo dado ao monte, “Senhor da Estrela da Manhã”, presumivelmente, um dos epítetos de Quet­zalcoatl, que poderia ser comprovado, também, pêlos restos de gesso colorido e baixos relevos adornando a pirâmide, cujos motivos principais referiam-se à Serpente Emplumada. Os ar­queólogos, ao encontrar fragmentos de duas colunas circulares, com a imagem da Serpente Emplumada, concluíram também que elas poderiam ter servido como portal de entrada do templo sobre essa pirâmide.

O maior tesouro arqueológico, no entanto, foi localizado quando Acosta percebeu que o lado norte da pirâmide fora mexido antes da chegada dos espanhóis. Um agregado em forma de rampa pa­recia correr pelo meio da face, em lugar da inclinação em degraus. Escavando ali, os arqueólogos descobriram que uma vala fora cor­tada naquela face, penetrando no interior da construção. A vala, tão profunda quanto a pirâmide, fora usada para enterrar grande número de esculturas em pedra. Ao serem retiradas e montadas, foram encontrados: fragmentos das colunas circulares do portal, quatro colunas quadradas, que se acredita serem suportes do te­lhado do templo sobre a pirâmide, e quatro estátuas humanas co­lossais, com mais de cinco metros de altura, conhecidas como os Atlantes. Acredita-se que tenham servido como cariátides (esculturas utilizadas como pilastras para segurar o teto ou as suas vigas) e foram reerguidas pêlos arqueólogos sobre a pirâmide quan­do se completou o trabalho de restauração. 

Cada um dos Atlantes, apresenta quatro secções esculpidas para se encaixarem. A parte superior formava a cabeça da estátua, representando os gigantes usando um cocar de penas, mantidas juntas por uma faixa decorada com motivos estelares, com dois objetos alongados cobrindo as orelhas. Os traços fisionômicos não foram identificados e até hoje desafiam comparações com quaisquer tipos raciais conhecidos. Porém, em­bora as quatro faces apresentem a mesma expressão distante, um exame mais acurado revela diferenças individuais sutis.

O torso é composto por duas secções. A parte superior do tórax apresenta como característica principal um protetor peitoral cuja forma foi comparada com a da borboleta. A parte inferior tem seu aspecto principal nas costas, um disco com um rosto humano no centro, cercado por símbolos não decifrados e, na opinião de alguns, uma grinalda de duas serpentes entrelaçadas. A parte inferior mos­tra as coxas, as pernas e os pés, providos de sandálias amarradas com faixas. Pulseiras nos braços, nos tornozelos, e uma tanga tam­bém podem ser vistos nas vestes elaboradas. 

Quem essas estátuas gigantes representam? Seus primeiros descobridores as chamaram de “ídolos”, certos de que representavam divindades. Escritores populares utilizaram o nome de Atlantes, o que implica em sentido duplo, como descendentes da deusa Atlatona, “Aquela Que Brilha na Água”, ou que eles teriam vindo da lendária Atlântida. Estudiosos menos imaginativos as nomearam simplesmente de guerreiros toltecas, pois levam, na mão direita um atl-atl. Essa interpretação talvez não esteja correta, pois as “flechas” na mão esquerda não são retas, e sim curvas; vimos que a arma na mão esquerda era o atl-atl, mas a arma na mão direita não é curva como o atl-atl. Então o que seria?

ChacMool

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O significado da descoberta de Levet pode ir além da própria teoria proposta por ele. Desde que monólitos e esculturas de pedra foram encontrados por toda a América Central, como produto de seus artistas nativos, não é necessário procurar ferramentas de alta tecnologia para explicar as esculturas na pedra. For outro lado, a ferramenta representada nas estátuas gigantes pode servir para explicar outro aspecto enigmático de Tollán.

Enquanto examinavam o subterrâneo da pirâmide, depois de terem removido o solo da rampa, os arqueólogos desco­briram que a contrução externa e visível fora erguida sobre uma pirâmide mais antiga, cujos degraus ficavam a dois me­tros e quarenta centímetros de cada lado da parede interna. Também descobriram restos de paredes verticais, que suge­rem a existência de câmaras interiores e passagens dentro da pirâmide mais antiga (porém não seguiram essas pistas). Encontraram algo extraordinário — um tubo de pedra feito de secções circulares perfeitamente encaixadas com um diâmetro interno de cerca de 45 centímetros. O longo tubo estava instalado no interior da pirâmide no mesmo ân­gulo da inclinação original e corria do alto até a parte de baixo.

Acosta e seus colaboradores presumiram que o tubo servia para drenar a água da chuva. Mas isso poderia ter sido con­seguido sem uma estrutura interna tão elaborada e com tu­bos mais simples de argila, em vez de secções de pedra es­culpida com precisão. A posição e inclinação dessa tubulação incomum, se não única, fazia parte do projeto original da pirâmide e estava integrada ao propósito original da estru­tura. As ruínas de várias câmaras e vários andares sugere que ali se desenvolveu algum tipo de processo industrial. Também o fato de que as águas do rio Tuia foram canali­zadas para fluir através dessas construções indica a possi­bilidade de ter existido, nesse local, assim corno em Teotihuacán, algum processo de purificação ou refinamento numa época muito remota. 

O que vem à mente é o seguinte: seria a ferramenta não identificada um tipo de instrumento não para esculpir pedras, mas para retirá-las das jazidas? Seria, em outras palavras, uma sofisticada ferramenta de mineração? E qual seria o minério procurado? Ouro?

A posse de ferramentas de alta tecnologia pêlos Atlantes há mais de mil anos no centro do México levanta a questão sobre a identidade deles. A julgar pelas feições do rosto, certamente não são centro-americanos. É provável que sejam “deuses”, e não simples mortais, se o tamanho das estátuas for uma indicação de veneração, pois junto a elas havia nas colunas representações dos soberanos toltecas em tamanho normal. O fato de que nos tempos pré-hispânicos as imagens colossais foram desmembra­das e cuidadosamente colocadas nas profundezas da pirâmide para ali serem enterradas, implica uma atitude de veneração. Na verdade, confirma-se o que descreveu Sahagún, que afirma terem os toltecas, ao abandonar Tollán, enterrado “muitas coisas”, al­gumas das quais, mesmo na época de Sahagún, “foram trazidas de sob a terra, não sem admiração pela sua beleza e trabalho artístico”.

Os arqueólogos acreditam que os quatro Atlantes ficavam no topo da pirâmide de Quetzalcoatl, suportando o teto do templo sobre a pirâmide, como se estivessem segurando a Cúpula Ce­lestial. Esse é o papel desempenhado pêlos quatro filhos de Horus, na mitologia egípcia, que seguravam o céu em seus pontos cardeais. Segundo o antigo Livro dos Mortos dos egípcios, eram esses quatro deuses que faziam a ligação entre Céu e Terra e acompanhavam o faraó falecido até uma escadaria sagrada por onde ele poderia subir para a vida eterna. Essa escadaria para o Céu foi representada por meio de hieróglifos como escadas simples ou duplas, essa última representando urna pirâmide com degraus. Seria apenas coincidência que o símbolo da escadaria decorasse os muros ao redor da pirâmide de Tollán e tivesse se transformado em importante símbolo iconográfico para os astecas ?

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Os Atlantes

No centro de todo o simbolismo e das crenças religiosas dos povos nahuatl estava seu deus-herói, doador de toda a sabedoria, Quetzalcoatl, “A Serpente Emplumada”. Porém, o que era uma serpente emplumada, se não uma serpente, que a exemplo dos pássaros, tivesse asas e voasse? 

Se isso é verdadeiro, o conceito de Quetzalcoatl como “Serpente Emplumada” remete ao conceito egípcio da “Serpente Alada” (fig. 25), que facilitava a transfiguração do faraó falecido para o reino dos deuses eternos.

Além de Quetzalcoatl, os povos nahuatl tinham inúmeras di­vindades associadas a serpentes. Cihuacoatl era a “Serpente Fê­mea”. Coatlicue era “Aquela Com a Saia de Serpentes”. Chicomecoatl era a “Serpente Sete”. Ehecacoamixtli era a “Nuvem de Serpentes do Vento”, e assim por diante. O grande deus Tlaloc era freqüentemente representado com a máscara de uma serpente dupla.

Embora inaceitável para os estudiosos tradicionais, na verda­de, a mitologia, a arqueologia e o simbolismo levam à conclusão inevitável de que o planalto central do México, e até mesmo toda a América Central, eram o reino dos deuses-serpentes — os deuses do antigo EgitoContinua…


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