De acordo com a teologia de Heliópolis, os nove deuses originais que apareceram no Egito nos primeiros tempos foram Rá, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Osíris, Ísis, Nepthys e Set.
A prole dessas divindades incluía figuras bem conhecidas, como Hórus e Anúbis. Além disso, eram reconhecidos outros panteões de deuses, notadamente em Mênfis e Hermópolis, onde cultos importantes e muito antigos eram prestados a Ptá e a Thoth. Essas divindades dos Primeiros Tempos foram todas, em um ou outro sentido, deuses de criação, que haviam dado forma ao caos, exercendo sua vontade divina.
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
Livro “AS DIGITAIS dos DEUSES”, uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização
- Capítulo 1: Brasil e o mapa de Piri Reis
- Capítulo 2: Rios na Antártida
- Capítulo 3: As Digitais dos deuses: Impressões Digitais de uma Ciência Perdida
- Capítulo 4: As Digitais dos deuses: O Vôo do Condor
- Capítulo 5: A Trilha Inca Para o Passado
- Capítulo 6: Ele Veio em uma Época de Caos
Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.
CAPÍTULO 43 – Deuses dos Primeiros Tempos
Do caos eles formaram e povoaram a terra sagrada do Egito e, durante muitos milhares de anos, reinaram sobre os homens como faraós divinos. Mas o que era esse “caos”? Os sacerdotes de Heliópolis que conversaram com o historiador grego Diodoro de Sicília no primeiro século a.C. fizeram a sugestão intrigante de que o “caos” foi um dilúvio – identificado por Diodoro como o dilúvio que destruíra a terra de Deucalião, o Noé grego. De modo geral, eles disseram que, se no dilúvio que ocorreu na época de Deucalião foi destruída a maioria das criaturas vivas, é provável que os moradores do sul do Egito tenham sobrevivido, e não quaisquer outros… Ou se, como sustentam alguns, a destruição das criaturas foi completa e a terra em seguida gerou novas formas de animais, apesar de tudo e até mesmo de acordo com essa suposição, a primeira geração de criaturas vivas cabe muito bem a este país…
Por que deveria o Egito ter sido tão abençoado? Diodoro foi informado de que isso teve alguma coisa a ver com a situação geográfica, com a grande exposição das regiões meridionais ao calor do sol e com o enorme aumento das chuvas que os mitos dizem que o mundo sofreu em seguida ao dilúvio universal:
“Porque, quando a umidade das chuvas abundantes que caíram sobre outros povos misturou-se com o calor intenso que prevalece no próprio Egito (…) o ar tornou-se muito bem temperado para a primeira geração de todas as criaturas vivas. (…)”
Curiosamente, como é bem conhecido, o Egito não desfruta uma situação geográfica especial e as linhas de latitude e longitude que se cruzam exatamente ao lado da Grande Pirâmide (30º e 31º leste) passam por mais terras secas do que quaisquer outras. Curiosamente, ainda, ao fim da última Era Glacial, quando milhões de quilômetros quadrados de glaciação estavam derretendo no norte da Europa, quando o nível do mar em elevação inundava áreas costeiras em todo o globo, e quando o imenso volume de umidade extra, que entrou na atmosfera através da evaporação das calotas de gelo, desceu sob a forma de chuva, o Egito beneficiou-se durante vários milhares de anos com um clima excepcionalmente úmido e favorável à fertilidade das terras.
Não é difícil compreender que esse clima poderia, de fato, ter sido lembrado como “bem temperado para a primeira geração de todas as criaturas vivas”. Temos, portanto, que fazer a pergunta seguinte: de onde procedia a informação sobre o passado, que estamos recebendo de Diodoro? E será uma coincidência a descrição aparentemente fiel do luxuriante clima no Egito durante o fim da última Era Glacial ou uma tradição extremamente antiga, que nos chega hoje uma memória, talvez, dos Primeiros Tempos?
O Hálito da Serpente Divina
Acreditavam os antigos egípcios que Rá foi o primeiro rei dos Primeiros Tempos. Velhos mitos dizem que enquanto permaneceu jovem e vigoroso, ele reinou pacificamente. Os anos, porém, cobraram-lhe um tributo, e ele é descrito ao fim de seu reinado como um homem velho, enrugado, trôpego, com a boca trêmula, da qual saliva escorria ininterruptamente. Shu sucedeu-o como rei na Terra, embora tivesse um reinado prejudicado por conspirações e conflitos. Embora derrotasse os inimigos, no fim ele foi tão destruído pela doença que até mesmo seus mais fiéis seguidores rebelaram-se:
“Cansado de reinar, Shu abdicou em favor do filho Geb e refugiou-se nos céus, após uma tempestade apavorante que durou nove dias…”.
Geb, o terceiro faraó divino, substituiu obedientemente o pai no trono. Seu reinado foi também agitado e alguns mitos descrevendo o que aconteceu refletem a velha linguagem dos Textos da Pirâmide, com imagística científica complexa e técnica. Uma tradição especialmente notável, por exemplo, fala de uma “caixa dourada”, na qual Rá guardou certo número de objetos – descritos, respectivamente, como seu “bastão” (ou cajado), um cacho de seu cabelo e sua uraeus (uma cobra empinada, com o capelo estendido, feita de ouro, que era usada em seu real adereço de cabeça). Talismã poderoso e perigoso, a caixa, juntamente com seu estranho conteúdo, permaneceu fechada em uma fortaleza “na fronteira oriental” do Egito, até muitos anos depois da subida de Rá ao céu.
Ao assumir o poder, Geb ordenou que ela lhe fosse trazida e aberta em sua presença. No momento em que a caixa foi aberta, um raio de fogo (descrito como “o hálito da serpente divina”) dela saiu, matou todos os companheiros de Geb e queimou gravemente o próprio rei. É tentador especular se aquilo que encontramos nessa descrição não poderia ser uma versão deturpada de um dispositivo que funcionou mal, feito pelo homem: uma recordação confusa, cercada de medo, de um instrumento monstruoso construído por cientistas de uma civilização perdida (um instrumento mais recente na história humana é a Arca da Aliança do povo hebreu que também era capaz de matar quem a tocasse).
Credibilidade é acrescentada a essas especulações ousadas quando nos lembramos de que esta não foi absolutamente a única caixa dourada no mundo antigo que funcionou como máquina letal e imprevisível. Essa peça apresenta grande número de semelhanças com a enigmática Arca da Aliança hebraica (que matou também pessoas inocentes com raios de energia letal, que era “toda revestida de ouro” e que se dizia que continha não só as duas tábuas dos Dez Mandamentos, mas também “o pote de ouro que continha maná, e o cajado de Aarão”). Um estudo correto das implicações de todas essas estranhas e maravilhosas caixas (e de outros artefatos “tecnológicos” referidos nas tradições antigas) situa-se além dos objetivos deste livro. Para nossas finalidades aqui, basta notar que uma atmosfera peculiar de magia perigosa e quase tecnológica parece ter cercado muitos dos deuses da Enéade de Heliópolis.
ÍSIS, por exemplo (esposa e irmã de Osíris e mãe de Hórus), desprende um forte cheiro de ciência laboratorial. De acordo com o Papiro Chester Beatty, que se encontra no Museu Britânico, ela era “uma mulher sábia (…) mais inteligente do que incontáveis deuses.(…) Nada ignorava do que havia no céu e na Terra”. Famosa pelo uso hábil de feitiçaria e magia, era particularmente lembrada pelos antigos egípcios como “poderosa de língua”, isto é, tinha domínio de palavras de poder “que conhecia, com a pronúncia correta, e não se detinha em sua fala, era perfeita tanto em dar o comando como em pronunciar a palavra”. Em suma, acreditava-se que ela, simplesmente com sua voz (o PODER do verbo), era capaz de vergar a realidade e revogar as leis da física.
Esses mesmos poderes, embora talvez em maior grau, eram atribuídos à sabedoria do deus Thoth, que embora não fosse membro da Enéade de Heliópolis, o Papiro de Turim e outros documentos antigos reconheciam como o sexto (e ocasionalmente o sétimo) faraó divino do Egito. Freqüentemente representado em paredes de templo e tumba como um íbis, ou um homem com cabeça de íbis, era venerado como a força reguladora responsável por todos os cálculos e anotações celestes, como o senhor e multiplicador do tempo, o inventor do alfabeto e o patrono da magia. Estava especialmente ligado à astronomia, matemática, topografia e geometria e era descrito como “aquele que calcula no céu, o contador de estrelas e o medidor da Terra”. Era também considerado como uma divindade que compreendia os mistérios “de tudo que está oculto sob a abóbada do céu” e que tinha a capacidade de conceder sabedoria a indivíduos escolhidos.
Dizia a lenda que ele escrevera seus conhecimentos em livros secretos e que os escondera na terra, com a intenção de que fossem procurados por futuras gerações, mas encontrados “apenas pelos justos” – que deveriam usar suas descobertas em benefício da humanidade. O que sobressai com mais clareza a respeito de Thoth, portanto, além de suas credenciais como antigo cientista, é seu papel como benfeitor e civilizador. Neste particular, ele lembra muito seu predecessor Osíris, o deus supremo dos Textos da Pirâmide e o quarto faraó divino do Egito, “cujo nome se torna Sah (Órion), cuja perna é longa e tem passada larga, o Presidente da Terra do Sul…”
Osíris e os Senhores da Eternidade
Ocasionalmente mencionado nos textos como o Neb Tem, ou “senhor universal”, Osíris é descrito como humano, mas também sobre humano, sofrendo, mas, ao mesmo tempo, imperioso. Além do mais, ele expressa seu dualismo básico governando no céu (como constelação de Órion) e na terra como rei entre homens. Tal como Viracocha, nos Andes, e Quetzalcoatl, na América Central, sua conduta é sutil e misteriosa. Exatamente igual a eles, é excepcionalmente alto e sempre descrito como usando a barba curva da divindade. E, também como eles, embora dispusesse de poderes sobrenaturais, evitava tanto quanto possível usar de força. Vimos no Capítulo 16 que, segundo a lenda, Quetzalcoatl, o rei-deus dos mexicanos, partiu da América Central por mar, viajando em uma jangada de serpentes. Por isso mesmo, é difícil evitar um senso de déjà vu quando lemos no Livro dos Mortos egípcio que o lar de Osíris “repousava sobre a água” e que tinha paredes feitas de “serpentes vivas”.
No mínimo, é notável a convergência do simbolismo que liga dois deuses de regiões e culturas muito distantes. Mas há ainda outros paralelos óbvios. Os detalhes principais da história de Osíris foram contados em capítulos anteriores e não precisamos repisá-los aqui. O leitor certamente não esqueceu que esse deus – mais uma vez, como Quetzalcoatl e Viracocha – era lembrado principalmente como um benfeitor da humanidade, como um portador da iluminação e grande líder civilizatório. Recebia o crédito, por exemplo, por ter acabado com o canibalismo e conta a lenda que ensinou agricultura aos egípcios – em especial, o cultivo do trigo e da cevada – e a arte de fabricar implementos agrícolas. Uma vez que gostava muito de bons vinhos (os mitos não dizem onde ele adquiriu esse gosto), ele tomou um cuidado especial em “ensinar à humanidade a cultura da uva, bem como a maneira de colher os frutos e armazenar o vinho…” Além das dádivas da boa vida que distribuiu entre seus súditos, Osíris ajudou-os a livrar-se de “suas maneiras horríveis e bárbaras”, ao lhes dar um código de leis e iniciar o culto dos deuses no Egito.
Depois de pôr a casa em ordem, entregou o controle do reino a ÍSIS, deixou o Egito e permaneceu afastado durante muitos anos, perambulando pelo mundo com a única intenção, disseram os sacerdotes de Heliópolis a Diodoro de Sicília, de visitar toda a terra habitada e ensinar à raça dos homens como cultivar a uva e semear o trigo e a cevada, porque supunha que, se os homens renunciassem à sua selvageria e adotassem um dócil estilo de vida, ele receberia honras imortais pela magnitude de sua benemerência… Osíris viajou primeiro para a Etiópia, onde ensinou o cultivo da terra e a criação de animais aos primitivos caçadores-coletores de alimentos que encontrou. E iniciou também certo número de obras de engenharia e hidráulica em grande escala: “Ele construiu canais, com eclusas e comportas (…) elevou as margens do rio e tomou precauções para evitar que o Nilo transbordasse. (…)”
Mais tarde. dirigiu-se à Arábia e daí passou para a Índia, onde fundou numerosas cidades. Transferindo-se para a Trácia, matou um rei bárbaro que se recusou a adotar seu sistema de governo. Essa conduta não combinava bem com ele. De modo geral, Osíris era lembrado pelos egípcios como não tendo forçado homem algum a seguir suas instruções e através de suave convencimento e apelo à razão conseguia induzi-los a praticar o que pregava.
Muitos de seus sábios conselhos foram transmitidos aos seus ouvintes em hinos e canções, que eram cantados com o acompanhamento de instrumentos musicais. Mais uma vez, é difícil evitar o paralelo com Quetzalcoatl e Viracocha. Durante uma época de trevas e caos – com toda possibilidade ligada a um dilúvio – um deus, ou homem, barbado, materializou-se no Egito (ou na Bolívia e no México), possuidor de grande riqueza de conhecimentos e perícias científicas, do tipo ligado a civilizações maduras e altamente desenvolvidas, que usou altruisticamente em benefício da humanidade. Ele era instintivamente bondoso, mas capaz de grande firmeza quando necessário. Motivado por forte senso de finalidade, após ter estabelecido sua sede em Heliópolis (ou em Tiahuanaco ou Teotihuacán), viajou com um grupo seleto de companheiros para impor a ordem e restabelecer o equilíbrio perdido do mundo.
Deixando de lado por ora a questão de se ou não estamos lidando com homens ou deuses, com produtos da imaginação primitiva ou com seres de carne e osso, resta o fato de que os mitos falam sempre de um grupo de civilizadores: Viracocha e seus “companheiros”, como acontece também com Quetzalcoatl e Osíris. Às vezes, ocorrem ferozes conflitos internos dentro desses grupos e talvez lutas pelo poder: as lutas entre Seth e Hórus e entre Tezcatlipoca e Quetzalcoatl constituem exemplos claros neste particular. Além disso, aconteçam esses fatos míticos na América Central, nos Andes ou no Egito, o resultado é sempre muito parecido: o civilizador é, no fim, vítima de conspiração e expulso ou morto.
Os mitos dizem que Quetzalcoatl e Viracocha jamais voltaram (embora, conforme vimos, a volta deles às Américas fosse esperada ao tempo da conquista espanhola). Osíris, por outro lado, realmente voltou. Embora fosse assassinado por Seth pouco depois de ter completado sua missão mundial para levar o homem “a renunciar à selvageria”, ganhou vida eterna com sua ressurreição na constelação de Órion, como o todo-poderoso deus dos mortos. Daí em diante, julgando almas e dando um exemplo imortal de conduta real, dominou a religião (e a cultura) do antigo Egito durante todo o período da história conhecida dessa terra.
Estabilidade Serena
Quem pode imaginar o que as civilizações dos Andes e do México poderiam ter realizado se elas também tivessem se beneficiado com essa poderosa continuidade simbólica? Neste particular, contudo, o Egito é excepcional. Na verdade, embora os Textos da Pirâmide e outras fontes arcaicas reconheçam um período de sublevação e
tentativa de usurpação por Seth (e seus 72 conspiradores “precessionais”), elas descrevem também a transição para o reinado de Hórus, Thoth e os faraós divinos posteriores como tendo sido relativamente suave e inevitável. Essa transição foi imitada, através de milhares de anos, por reis mortais do Egito. Desde o início até o fim, eles se consideraram como descendentes lineares e representantes vivos de Hórus, o filho de Osíris. À medida que as gerações se sucediam, era crença geral que o faraó morto renascia no céu como “um Osíris” e que cada sucessor ao trono se tornava um “Hórus”. Esse esquema simples, refinado e estável já estava plenamente evoluído e instalado no inicio da Primeira Dinastia – por volta do ano 3100 a.C. Estudiosos aceitam esse fato. A maioria aceita igualmente que estamos tratando aqui de uma religião altamente desenvolvida e sofisticada.
Estranhamente, pouquíssimos “egiptólogos e arqueólogos” questionam quando e onde essa religião tomou forma. Não será um desafio à lógica supor que idéias sociais e metafísicas bem-acabadas, como as do culto de Osíris, surgiram inteiramente formadas no ano 3100 a.C. ou que poderiam ter assumido essa forma perfeita nos 300 anos que os egiptólogos, às vezes de má vontade, lhes concedem para isso? Forçosamente deve ter transcorrido um período de desenvolvimento muito mais longo do que isso, estendendo-se por vários milhares e não várias centenas de anos. Além do mais, conforme vimos, todos os registros remanescentes nos quais os antigos egípcios nos falam diretamente sobre seu passado afirmam que essa civilização era um legado “dos deuses”, que “foram os primeiros a governar no Egito”.
Os registros são internamente coerentes: alguns atribuem uma antiguidade muito maior à civilização do Egito do que outros. Todos, contudo, dirigem clara e firmemente nossa atenção para uma época distante, muito distante no passado – para alguma coisa de 8.000 a 40.000 anos, antes da fundação da Primeira Dinastia. Arqueólogos insistem em que nenhum artefato material jamais foi encontrado no Egito que sugira que uma civilização evoluída existiu nessas datas tão antigas, mas essa alegação tampouco é rigorosamente verdadeira. Conforme vimos na Parte VI, existem alguns objetos e estruturas que não foram ainda conclusivamente datados por quaisquer meios científicos. A antiga cidade de Abidos esconde um dos mais extraordinários desses enigmas indatáveis…
Se voce REALMENTE tem interesse em saber QUEM construiu as Pirâmides, no EGITO e no MÉXICO, QUANDO, para QUAL FINALIDADE, e as CONSEQUÊNCIAS, por favor leia TODO O MATERIAL sobre o planeta MALDEK.
Mais informações, leitura adicional:
- Brasil, Egito, J.K., Akhenaton e Brasilia …
- Agharta, o Reino da Terra Interior
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